1. Introdução
A Baixa Idade Média é o período da história Medieval que vai do século XIII ao XV.
Corresponde a fase em que as principais características da Idade Média, principalmente o feudalismo, estavam em transição. Ou seja, é uma época em que o sistema feudal estava entrando em crise. Muitas mudanças econômicas, religiosas, políticas e culturais ocorrem nesta fase.
2. Mudanças na forma de produzir
O século XIII representou uma época de avanços tecnológicos na área agrícola. O desenvolvimento do arado de ferro com rodas, do moinho hidráulico e a utilização da atrelagem dos animais (bois e cavalos) pelo peito representaram uma evolução agrícola importante, trazendo um aumento significativo na produção dos gêneros agrícolas.
Entre os séculos XI e XIII, ocorreu na Europa feudal um significativo aumento da produção agrícola em decorrência da expansão das áreas de cultivo e do desenvolvimento de ferramentas de trabalho e de novas tecnologias agrícolas. Florestas foram derrubadas, pântanos e lagos drenados e se construíram diques para barrar o avanço do mar, tornando tais áreas apropriadas à agricultura.
A charrua, um arado de ferro com rodas, tinha maior durabilidade que o seu antecessor de madeira e permitia aos agricultores remover a terra com mais facilidade e em maior profundidade. Com a criação da colheira, o atrelamento dos animais deixou de ser per pescoço e passou a ser pelo peito, evitando que esse animal sufocasse, além de aumentar seu poder de tração. A difusão do moinho de vento e do moinho d’água foi fundamentada, por exemplo, na moagem de grãos, substituindo a força humana.
A mudança da rotação bienal do cultivo para o sistema trienal aumentou a produtividade do solo. No sistema bienal, metade do terreno ficava descansando por um ano, enquanto a outra metade era cultivada. No ano seguinte, invertia-se essa ordem, para que a área cultivada recuperasse seus nutrientes. Já no sistema trienal, a área de cultivo era dividido em três partes: uma descansava, na outra se plantava um tipo de cereal (trigo, cevada, etc) e, na terceira, um tipo de leguminosa (ervilha, por exemplo). No período seguinte, fazia-se um rodízio dos tipos de cultivo. O crescimento da produção agrícola teve como conseqüências diretas o aumento populacional e a geração de um excedente na produção.
3. Crescimento demográfico
O século XIII foi marcado também pela diminuição nas guerras. Vivenciou-se neste período uma situação de maior tranqüilidade em função do fim das cruzadas. Este clima de paz em conjunto com o aumento na produção de alimentos significou um significativo aumento populacional no continente europeu. Este crescimento demográfico foi interrompido em meados do século XIV com a peste bubônica, que matou cerca de um terço da população européia.
4. As Cruzadas
Foram convocadas pelo papa Urbano II, em 1095, com o objetivo oficial de libertar a Terra Santa (Jerusalém) do domínio muçulmano. No entanto, outros fatores contribuíram para a organização das Cruzadas: canalizar o espírito guerreiro dos nobres para o oriente; o ideal de peregrinação cristã; o interesse econômico em algumas regiões do oriente e a necessidade de exportar a miséria em virtude do crescimento populacional.
As principais conseqüências das Cruzadas foram:
- Reabertura do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento dointercâmbio comercial entre o
Ocidente e o Oriente;
- Fortalecimento do poder real, em virtude do empobrecimento dos senhores feudais;
- O renascimento urbano.
Em suma, esfacelamento do sistema feudal.
5. Renascimento Comercial e Urbano
Quando retornavam das Cruzadas, muito cavaleiros saqueavam cidades no oriente. O material proveniente destes saques (jóias, tecidos, temperos, etc) eram comercializados no caminho. Foi neste contexto que surgiram as rotas comerciais e as feiras medievais. A saída dos muçulmanos do mar Mediterrâneo também favoreceu o renascimento comercial. Foi neste contexto que começou a surgir uma nova camada social: a burguesia. Dedicados ao comércio, os burgueses enriqueceram e dinamizaram a economia no final da Idade Média. Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou construir habitações protegidas por muros. Surgiam assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem a várias cidades (renascimento urbano).
As cidades passaram a significar maiores oportunidades de trabalho. Muitos habitantes da zona rural passaram a deixar o campo para buscar melhores condições de vida nas cidades europeias (êxodo rural). Com a diminuição dos trabalhadores rurais, os senhores feudais tiveram que mexer nas obrigações dos servos, amenizando os impostos e taxas. Em alguns feudos, chegaram a oferecer pequenas remunerações para os servos.
Estas mudanças significaram uma transformação nas relações de trabalho no campo, desintegrando o sistema feudal de produção. Com o aquecimento do comércio surgiram também novas atividades como, por exemplo, os cambistas (trocavam moedas) e os banqueiros (guardavam dinheiro, faziam empréstimos, etc).
Estes novos componentes sociais (burgueses, cambistas, banqueiros, etc) passaram a começar a se preocupar com a aquisição de conhecimentos. Este fato fez surgir, nos séculos XII e XIII, várias universidades na Europa. Estas instituições de ensino dedicavam-se ao aos conhecimentos matemáticos, teológicos, medicinais e jurídicos.
6. Formação das Monarquias Nacionais
A formação das Monarquias Nacionais está associada à aliança entre a burguesia comercial e o rei, efetivada no final da Baixa Idade Média.O interesse da burguesia nesta aliança era econômico, pois o senhor feudal era um obstáculo para o desenvolvimento de suas atividades: impostos excessivos, pesos e medidas não padronizados e ausência de unificação monetária. Já o rei, que buscava centralizar o poder político, a classe de senhores feudais representava seu principal obstáculo (lembre-se que o poder político feudal era fragmentado). Para fazer valer sua autoridade era necessária a criação de um exército, formado por mercenários. Assim, a burguesia comercial passa a financiar a montagem deste exército. O rei passa a
superar o senhor feudal e a impor sua vontade. A centralização do poder político implica na unificação econômica: padronização de pesos, medidas e monetária -incentivando as trocas comerciais. A Monarquia passa a criar as Companhias de Comércio, onde o monopólio da atividade comercial ficará a cargo da burguesia.
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